Quarentena! Fique atento às mudanças de comportamento dos filhos
É importante saber como auxiliá-los durante esse momento
Mudanças bruscas de comportamento em crianças podem ser sinal de alerta. Em tempos de isolamento social prolongado e falta de convivência com outras crianças, é comum elas desenvolverem problemas emocionais e apresentarem comportamentos que não tinham antes. Assim, podem se mostrar mais agressivos em situações que eram calmos, mais reclusos quando antes eram mais sociáveis, mais irritados sem ter anteriormente mostrado esse traço. Ao mesmo tempo é comum passarem a acordar à noite, fazer xixi na cama e até chupar dedo.
“Crianças são psicossomáticas, o corpo logo dá um sinal de alerta de que algo não vai bem”, explica Kátia Merlino, psicóloga e educadora parental. Há casos até de crianças que apresentam quadro de febre sem explicação. Na visão da especialista, só quem conhece e convive com filho é que pode perceber alterações de comportamento e atentar para eventuais problemas emocionais. Pode ser o pai, a mãe, os avós, não importa, mas quem estava acostumado a ver a criança agir de uma forma e nota que está diferente, deve acender a luz amarela e buscar ajuda.
Comportamento e sintomas
Na pandemia temos visto casos de crianças com medo em excesso, dependência exagerada dos pais e um início de fobia social. “Quase sempre estamos diante de uma criança que está vivenciando algo que não consegue resolver sozinha, mas não verbaliza”, explica Kátia. O país vive um momento em que a morte e o luto estão muito presentes, na mídia e até nas próprias famílias, e isso pode afetar a todos, em especial os pequenos.
A recomendação é sempre buscar ajuda especializada, mas a educadora parental faz uma ressalva. “A ajuda é fundamental, mas antes disso os pais precisam conviver com os filhos, conhecer os hábitos e o perfil de cada um deles a fundo para identificar quando alguma coisa não vai bem.”
A grande dúvida é como identificar que algo não está funcionando. De fato, não existe uma receita, porque o comportamento varia de uma criança para outra. Muitas vezes é preciso seguir a intuição e procurar um bom profissional para trocar ideias.
Pais, mães e filhos precisam de ajuda
Em muitos casos, no entanto, a ajuda especializada não é para a criança, mas para a família toda. Em tempos de pandemia, com os pais em home office ou até desempregados, e crianças em ensino remoto, a rotina de casa mudou muito e pode ter ficado pesado para os menores lidarem com isso sem apoio dos pais.
“Temos visto muitos casos nos últimos meses em que a família traz o filho, relata o problema, em busca de psicoterapia infantil, mas o que de fato precisam é aprender a lidar com aquela criança e com o momento de vida atípico”, explica a educadora parental. Nesses casos, o melhor é o acompanhamento especializado para a família toda. “A mãe e o pai precisam aprender a conviver com a criança no dia a dia, algo que talvez não faziam antes do isolamento social, pois trabalhavam fora o dia todo, a criança ficava na escola e o contato era menor, restrito aos momentos de lazer”, explica.
Algumas dicas práticas de Katia Merlino para conviver com os filhos é envolvê-los no dia a dia da casa. No preparo das refeições, na elaboração da lista de compras. “Eles querem atenção, querem fazer parte e os pais precisam se programar para ter esse tempo,” finaliza. Aprofunde-se no tema conferindo também o que são “dificuldades de aprendizagem”.