Como incentivar as amizades entre as crianças
Os pais devem ajudá-las a abrir a cabeça para o que é novo, mostrando que pode ser legal.
Pais e mães sempre querem que os filhos tenham a infância e a adolescência entre amigos, embora não saibam muito como podem ajudar nisso. Aliás, poucos sabem que de fato precisamos agir como estimuladores desse processo de fazer novos amigos.
Um dos primeiros aspectos que precisam ser trabalhados com os filhos é a busca do novo. Fazer novos amigos, sem deixar os que temos para trás, mesmo quando há uma mudança de escola ou até mesmo de cidade. E incluir nesse novo ambiente pessoas diferentes, fora do círculo de amigos. Um novo colega do inglês pode virar um bom amigo, um companheiro de atividade esportiva do clube também e até aquele parceiro da aula de teatro pode, quem sabe, tornar-se um grande amigo.
Novas amizades
Para a psicóloga Adriana Severine, que trabalha com psicologia comportamental, é preciso que os pais ajudem as crianças a abrir a cabeça para o que é novo, o que é diferente, mostrando que pode ser legal. E isso diz respeito a amizades que fujam do círculo convencional e incluam crianças com histórias diferentes e níveis socioeconômicos diversos. É isso que enriquece.
“A criança tem que experimentar quando ainda é pequena para aprender a lidar com as diferenças. Senão, quando chegar na universidade, vai encontrar pessoas diferentes e não vai saber como lidar. Corre o risco de cair nas drogas ou na bebida para tentar fazer parte deste ou daquele grupo ou até mesmo porque se sentirá perdido”, afirma.
Segundo ela, a bolha ou o excesso de proteção dos filhos é muito ruim. São eles que precisam escolher os amigos. Não os pais, na visão da psicóloga. O que os pais podem fazer é estimular que estejam abertos ao novo, queiram conhecer novas pessoas e encontrar amigos em lugares diferentes.
O excesso de proteção também é danoso porque confere aos filhos uma certeza de que nada nunca vai acontecer. O carro é blindado, tem segurança na porta de casa, motorista e tudo mais. “Eles perdem a capacidade de medir o risco e acabam aceitando coisas impensáveis porque ou se sentem protegidos demais ou acham que tudo que pais e mães sempre disseram era exagero.”
Trabalho voluntário
Uma boa forma de mostrar aos filhos que há um mundo além do que vivemos é fazer trabalhos voluntários com eles. Não apenas doar aquilo que não nos serve mais, mas doar o próprio tempo. Ir até lugares onde possam ser úteis no cuidado ou na brincadeira com crianças, na contação de histórias para idosos e por aí vai. Uma forma de mostrar que existem pessoas em outra situação de vida, o que dá aos filhos elementos para comparação e para aprendizado.
Como cultivar amizades na pandemia
Se fazer amizades não era fácil, em tempos de pandemia e isolamento social ficou ainda pior. Por isso, a psicóloga Adriana Severine recomenda que os pais estimulem as conversas virtuais dos filhos com os amigos, promovam encontros desta forma remota e retomem as atividades de forma presencial tão logo seja possível. Os jogos online, segundo ela, também são bem interessantes, mas os pais precisam ficar de olho para ver quem são os grupos que estão jogando juntos. Se são mesmo crianças.
“É preciso dosar as informações sobre perigos envolvendo adultos, pedófilos, sequestradores e outros, para evitar o medo excessivo. Não se trata de confiar cegamente e nem desconfiar de todos, mas aprender a dimensionar o risco.” Só assim os filhos vão saber se defender e, principalmente, identificar o perigo.