Como manter as crianças interessadas nos estudos na quarentena
Os pais têm uma nova responsabilidade para dar apoio nesse momento
Nem nos nossos maiores delírios poderíamos pensar que um dia ficaríamos dentro de casa por mais de um ano trabalhando remotamente. Mas pergunte a qualquer pai ou mãe com filhos em idade escolar o que pode ser pior do que o trabalho remoto. A resposta será uma só: filhos em ensino remoto.
De fato, pais e mães nunca pensaram que teriam que se tornar professores ou no mínimo assistentes de professores dos filhos. Acostumados a deixar os pequenos na escola no começo do dia e pegar no fim da tarde, pais e mães se viram às voltas com aulas pelo computador, lição de casa, fichas e mais fichas de atividades, aulas de música, de artes (pasmem) e de educação física na sala de casa. Não tem sido fácil.
Para engrossar o caldo, muitas crianças, em especial as mais novas, literalmente odeiam o ensino remoto. Fingem que a câmera travou, relatam problemas de conexão a todo momento e até precisam ir com urgência ao banheiro quando começa a aula. Elas não aguentam mais!
Todo pai e mãe já teve seu momento de chutar o balde, dispensar os filhos da aula remota para acabar com a tormenta. Mas não dá para ser sempre assim. É preciso motivá-los para enfrentar pelo menos o ensino híbrido que ainda deve perdurar por um bom tempo. A seguir, encontre algumas dicas para equilibrar a rotina das crianças com os estudos na quarentena.
Apoio e rotina
Para Mariana Hypolito, fonoaudióloga e pedagoga com formação em terapia comportamental, o momento é delicado. Os pais precisam ajudar os filhos no ensino remoto. Não há outra alternativa. Para os menores, o sistema é complexo, inclui abrir pastas, ler e-mails, entrar em drives, enviar arquivos, coisas que eles nem sabiam que existiam. Sem contar que é chato e os amigos estão longe, só na tela.
“Quando os pais chegam e relatam que a criança não vai bem na escola, percebemos que em muitos casos falta uma rotina, a criança precisa de ajuda com os afazeres e os pais estão trabalhando em casa, mas sem tempo para nada”, explica.
Participação e responsabilidades dos pais
Participar, ainda que indiretamente, do processo de aprendizagem dos filhos também abriu os olhos dos pais para as dificuldades que a criança apresenta e eles sequer sabiam. “A pandemia escancarou situações de dificuldades, pois no convívio com os colegas os pais perceberam diferenças e foram buscar ajuda”, explica Mariana. Para ela, ficou claro ao ver o desempenho da turma que a criança A ou B não está acompanhando. Algo está errado.
Antes da pandemia os pais estavam acostumados a delegar a educação dos filhos e até a tentar interferir na escola, questionando decisões de todo o tipo, contratação ou demissão de professor, escolha de livros etc. “De repente precisaram rever o conceito de ser pai e mãe”, afirma a pedagoga. E precisaram colocar a mão na massa para a coisa funcionar, sob o risco de viver um inferno dentro de casa todos os dias, tendo que trabalhar, atender a reuniões, comandar equipes e tudo mais.
“O ensino remoto veio para ficar. As escolas investiram muito em tecnologia e em treinamento dos professores, não vão abrir mão dos recursos quando a pandemia passar. O ensino híbrido vai permanecer e todos teremos que nos adaptar”, finaliza Mariana. O alinhamento de pais e escola é essencial para que os pequenos mantenham os estudos mesmo na quarentena.
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